Fechar um ciclo na nossa vida não é fácil. Creio que todos vocês sabem. É deixar partir uma parte da nossa vida e, quem sabe, da nossa própria identidade. É como arrancar uma parte do nosso corpo e aprender a viver sem esse membro. É sentir aquele vazio – ou, se o sentirem como eu, o coração quente e lento – no peito.
Levamos muitos anos até percebermos a importância de fechar ciclos. Por vezes, é tão difícil iniciá-los… uma amizade, uma relação, uma parceria. São expectativas, emoções e trocas de experiências que foram vivenciadas e que se afundam no mar como uma âncora. Foi tempo da nossa vida, momentos dedicados ao outro. E, depois disso, fica o vazio, a página em branco, o silêncio sem nada por dizer.
E, no entanto, estes ciclos, por vezes, têm de fechar. Tem de haver um fim. Para um ciclo continuar, deve haver motivação de ambas as partes. Na sua ausência, uma parceria simplesmente funciona. A motivação mútua é tão essencial como os pistões para um carro, como o batimento cardíaco para os seres vivos, como a água para o mundo. Imaginem a ausência de um destes elementos – não existiriam automóveis, seres vivos, ou o mundo em si.
Por vezes, estes ciclos fecham por um bom motivo. Por vezes, têm mesmo de terminar. Por muito que nos custe aceitar. Deixar ir, em algumas circunstâncias, é a melhor opção. Agarrar-nos afincadamente a um projecto no qual só nós colaboramos, sem o auxílio do outro, não é saudável a nível mental. Se existe um processo de luto que se segue? Claro que sim! Se dói? Claro que sim! E nós necessitamos de fazer esse processo. Faz parte de nós trabalharmos primeiro as nossas emoções para, posteriormente, avançarmos para um novo ciclo tendo aprendido com o anterior.
Nunca façam todo o esforço que deve ser feito por duas pessoas. A motivação deve existir em ambas as partes. Vocês são seres dignos que merecem respeito. Dêem sempre o vosso melhor, mas nunca o melhor por dois.
Elisabete Martins de Oliveira
11.04.2019