Na praia povoada de sons, de sensações e de uma paisagem de cortar a respiração, mergulho até ao fundo. Abro os olhos, e todo um novo mundo afigura-se diante de mim. É mágico, é exuberante e, talvez, talvez… indescritível.
Mas não para mim. A areia sob a água é macia e leve, as conchas movem-se ao som das ondas, arrastando-se para trás e para a frente numa dança pendular.
Os peixes atravessam em frente aos meus olhos, na sua vida em grupo tão ocupada que não ouso interrompê-la. Nadam por entre as algas, sobre as pedras escorregadias, polidas. Não posso deixar de admirar a simplicidade destas vidas livres.
Regresso à superfície por brevíssimos segundos, apenas para saciar esta necessidade humana irreverente de ar. O ecoar do canto das gaivotas povoa-me os ouvidos. Sou acalentada pelo sol, uma sensação que percorre gentilmente o meu corpo.
E, então, ela surge. A onda. Azul, altiva, assustadora. Ela chama por mim. Nesse instante, sem a mais brevíssima hesitação, lanço-me, nela fundindo o meu corpo. O sol reflectido sob esta manta de água brilha nos meus olhos, e sou levada para a zona de rebentação, uma breve viagem com tanto impacto em mim.
É nestes momentos em que deixo acontecer que encontro a minha paz interior, ao sabor da onda.
Elisabete Martins de Oliveira
11.06.2019