De regresso a casa. De regresso à família, aos amigos, ao sol e ao céu azul inequívoco, intenso, envolvente. Regresso ao meu país que eu conheço, mas que ainda me reserva tantos mistérios. Muito tenho que viajar, descobrir, conhecer, desvendar.
Estar com a família e com os amigos que já há tanto tempo que não vejo tem de ser a coisa mais preciosa quando regresso. O encanto da saudade é reflectido nos abraços, nos beijinhos, no carinho do tom de voz, nas conversas longas que se estendem do crepúsculo até à noite!
Enquanto estou em Inglaterra, por vezes, tenho flashbacks de lugares que me são muito familiares – uma passagem de carro pelo Seixal, uma praia na Arrábida, uma viagem até ao Norte… e tantos outros. São vários os lugares que me surgem na mente e me fazem, ainda que por brevíssimos segundos, regressar a casa quando estou a milhares de quilómetros de distância. Por vezes, pergunto-me se a minha mente o faz para me proteger ou se é apenas a saudade a manifestar-se em forma de recordações fotográficas rápidas que me trazem conforto.
Regressar a casa é bom. Muito bom. Creio que é quando emigramos que damos mais valor ao que deixámos para trás. O nosso país de origem surge numa perspectiva diferente, uma vez que partimos para o desconhecido e temos de nos adaptar a uma realidade que não é a nossa. Afinal, não tivemos de fazer uma adaptação destas em casa. O país que deixámos (na maior parte das vezes, em busca de condições financeiras melhores), vem-nos à memória pela língua materna, pela família, pela gastronomia, pelas amizades, pelas memórias de infância. Enfim, começamos a olhar para o que deixámos com mais carinho, com um apreço que nunca antes sentimos.
Adoro regressar a casa. O meu peito enche-se de alegria e motivação. Há algo de mágico no regresso às origens. E eu sinto-o na sua plenitude.
Elisabete Martins de Oliveira
14.08.2019