Pergunto-me quantas emoções cabem dentro de um coração ao mesmo tempo. Como quando apanhamos conchas na praia e tentamos segurar tantas ao mesmo tempo que, a certa altura, elas começam a transbordar, caindo de volta na areia.
Será possível sentir uma alegria imensa e, ao mesmo tempo, uma tristeza tão grande que quase nos sufoca? Será que podemos sentir a nostalgia de um tempo em que não vivemos, como ter saudades dos Queen originais sem nunca ter visto um concerto seu? E, ao mesmo tempo, sentir uma gratidão incomparável por viver no presente? Eu acredito que o coração é um órgão frágil e, no entanto, sustenta as emoções. A vida. Sente tudo isto e vive, a cada batida.
A cada palpitar por amor.
A cada batida descompassada por medo.
Sinto o meu coração a transbordar de emoção tantas vezes que não sei se hei-de rir ou chorar – e, muitas vezes, acabo por fazer ambos ao mesmo tempo. É como se as regras para as emoções deixassem de existir e o meu corpo entrasse em modo flutuante, provocando todo o tipo de reações possíveis.
E é tão bom sentir tudo isto! Deixo-me levar pela corrente que as emoções nos trazem, permito que elas me invadam todas de uma só vez, numa sincronia que só é possível quando abrimos o nosso coração. Porque só sentimos se nos permitirmos sentir. Se fecharmos a torneira das emoções, elas começarão a acumular- se e, a certa altura… boom!, elas transbordarão. Afinal, elas não podem simplesmente permanecer encurraladas, apenas porque tu as escondes. Mais dia ou menos dia, elas libertar-se-ão.
Fascino-me pela complexidade de sentimentos que podemos nutrir. É incrível como nenhum de nós é bom ou mau – apenas um valor numa escala de tons – onde tanto podemos ficar numa posição favorável como não. Esta escala é mutável ao longo da vida. Há momentos em que podemos ser vistos como santos e, noutros, como perversos. Os nossos julgamentos e sentimentos predominantes dependem sempre da quantidade de valores favoráveis contra os favoráveis nesta escala. A complexidade intensifica-se.
E, no entanto, o mais importante é viver. Sentir todas as emoções e compreendê-las. Viver com mais intensidade a alegria, celebrar cada conquista, ir ao encontro dos nossos sonhos. Viver! Fazer da nossa vida algo para recordar. Porque, isso sim, é o que faz a vida valer a pena. De outra forma, qual seria o nosso propósito aqui?
É por tudo isto que gosto de me sentir repleta de emoções, a transbordar delas quando as sinto invadirem-me, num turbilhão. É nesses momentos que eu sei que estou viva. Que sinto! Que sou um ser humano. Que sou genuína. Então, que venham todas essas emoções em flecha! Que me relembrem, dia após dia, que eu estou a viver. Em plenitude.
Elisabete Martins de Oliveira
09.09.2020
Obrigada, Ana Gui! Fico muito feliz! 🙂
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Gostei muito deste texto pelo conteúdo e pela escrita! 💛
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